segunda-feira, 6 de outubro de 2014

CATACUMBAS, CATACUMBAS - dicionario wikcionario wikdicionario




Corpo hirto em um esquife :
esta uma definição de morte
( ou da morte?!).
Não um definir somente,
mas um definhar também
com rumo de demonstração 
através da ciência cênica do deus Thanatus
versus ciência cínica do homem do vulgo,
vulto transtornado em médico e monstro
na parede iluminada à vela.
Vela padrão.Cefeidas.
Vela no cais do porto
enfunada pelo ventre do vento
em veleiro velado.
Alaúde, Alaide, para a elegia
de Maria de Lourdes, minha mãe!
Alaúdes!
Um ataúde
não é uma alaúde.
O alaúde é um instrumento melódico
da família dos cordofones
e a música do alaúde
cabe na alma do mel;
por isso, a  melodia,
de-dia e noite-e-dia
toca à Via Sacra
que terminou para Maria de Lourdes Gribel,
porém continua para mim
no alaúde que pude 
por em arranjo de aliteração
ao modo Cruz e Souza de trinar, doutrinar.
Toca alaúde, Alaíde,
para Maria de Lourdes
viva em virtude,
agora em mansuetude...
de arroio que brinca de saltar pedras
nas perdas da madugada.
O ataúde que, no árabe grafado,
também aponta para a substância da madeira,
matéria em celulose,
é feito para guardar morto
desatado do contorno melódico,
mas ainda atada ao lúdico,
mesmo o mais módico
que chega  a beirar
o beiral do silêncio,
no qual pousa um cantochão
distante algumas jardas de mosteiros,
 abadias frias dadas em côvados covardes
e conventos, que há de convir,
são cenóbios,  casas cenobiais, monastérios,
lugares para vida contemplativa
daqueles monges com face de terra
e daquelas monjas que amam a Deus
sendo reciprocados 
pelo amor de Deus,
ó  amados e amadas,
que o são no sal da vida sã, santa, sanada...
- O alaúde tem abelhas
tecelãs terceiras da Ordem das avelãs e amêndoas
e  do mel que doa da lã melódica,
lânguidas, longas melíferas colmeias...
lançadas do cântico do alaúde
que eleva a alma da minha mãe
ao espírito que se esvazia
nos foles de Deus, do céu,
os  quais se expandem em plenos pulmões
com a música da sanfona ou acordeão
que acorda o acordo
na corda musical do pacto
que o senhor mandou sangrar
para poder assinar
com o sinal de sina do arco-íris
que conta ariris em neblina matinal
pelo grito nos céus
acima de telhado gris
que rebaixa os anis
ao nível dos homens vis.
Alaúde, Alaide, para prantear
o passamento de minha mãe,
 Maria de Lourdes,
senhora dos alaúdes,
- que eu a nomeio assim
com minha autoridade de homem livre.
Entrementes, se é a  vida da minha mãe
que me escapa pelas frinchas dos dedos
no tempo serpenteado pelas areias
divididas na ampulheta do homem
e soltas no Relógio de Areia do cosmos constelado,
tal qual um Adão com costela,
no período das águas,
com a clepsidra humana
separando águas de tempo,
- Nos instantes de luz,
que fazer e a quem instar?!
A que deus?!
A que lua, a que loa, 
- a que ladainha recorrer?
se o tempo em minha mãe
se transmutou em pedra
e de tempo involuiu para templo
tal qual o sangue do Mar Vermelho do corpo.
Posto o morto,
no caso, a morta,
a que porto
irá aproar, Eloá?
Em que momento soçobrará?!...
Posta a morta
a que porta
baterá?
À porta torta do batel
- que naufragou
e nem tinha porta
ou porto seguro
Aonde atracar?!...
Onde ir fugindo, à deriva...
O ataúde atou o corpo
de minha mãe
e o arrastou "redemoinhando"
para os subterrâneos
onde há Hades
e há-de haver catacumbas(catacumbas),
rio Estiges, barcas e Carontes.
O ataúde tocou-lhe a alma de alameda longa
que subiu aos céus
para encontrar um reino
todo dela,
todo mãe,
pronto e à espera
de sua soberana,
desde o rasto na areia
dos pés do primeiro tempo

em que ela pisou
na cabeça da serpente,
que é a vida :
mixórdia ou mescla de peçonha e remédio.

Mas se haverá céu e céus
nas acepções das palavras
para além dos azuis,
- o que não haverá
 senão todo o impossível?

No céu que creio
está o sol
plantado com se fora
um olho ciclópico,
o mar embaixo a remar

na preamar, baixa-mar...
e o luar encimando...- tudo,
porquanto  os deuses saem e entram em mim
assim como emergem as ervas da terra,
as víboras das tocas...
 
Deus deixa a caverna
que tenho dentro de mim;
sai silente com  o querubim e o serafim
da sua comitiva divina,
com seu séquito angélico,
tal qual saem corujas, mochos e morcegos
de seus valhacoutos.
A única fé que tenho,
trago-a em mim;
a única razão em que creio
e com a qual mensuro e conto
está dentro de mim :
o resto é xarope de groselha
para inglês beber.

Minha mãe faleceu;
no entanto,  metade do corpo dela
( corpo vem com água de alma e alga,
espírito de fogo)
foi deixado de legado vivo
em meu corpo,
pois a outra metade do meu organismo
pertence ao meu pai,
continuando, pois, o casamento deles
a viger dentro do meu corpo.
No que creio
é que minha mãe
que acaba de falecer
tem uma metade em mim
que a morte não pode levar
nem com seu exército bilionário de bactérias,
- pois metade do seu corpo
( e no corpo vai alma em água
e espírito em fogo)
ela me deixou de legado vivo :
- a metade do corpo que fora dado a ela
na herança genética.
Na outra metade do meu corpo
vive meu pai,
ambos casados
em corpo, alma e espírito
dentro de mim!

Do exposto, depreende-se que a metade
que foi pasto das bactérias comensais
pertencia a ela
- que teve que morrer pela metade,
pois a morte não se completa
senão depois de largo ciclo de vida
quando a outra metade morre
em todos os filhos e netos,
bisnetos,  tataranetos...
- e vai gerações! quase sem fim
a cavaleiro do fim. 

Ao ver minha mãe no "sarcófago",
contemplei pela terceira vez
a minha própria morte,
ainda de posse da consciência-corpo
que me faz recordar
da minha existência 
- até o dia do Senhor,
quando meu corpo for desconectado
do aparato vivo  da natureza
e minha memória corporal
fugir pela janela
Através de uma rede de falenas
Que levarão minha memória consciente
,
A qual multiplica o milagre
De abrir minha consciência
No encadeamento de atos e fatos
Que constituem o tempo:
O tempo do ser é o presente,
- o resto é tempo sem  ser.

Antes do passamento de minha mãe
assisti meu passamento em minha  avó 
e posteriormente em meu pai...
 
Toca, Alaíde :
Toca alaúde...
Ficheiro:The musicians by Caravaggio.jpg
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sábado, 22 de fevereiro de 2014

ARTIMANHAS, ARTIMANHAS - wikcionario wikdicionario]


Jacó passou toda a noite
lutando  incessantemente
contra um ser, um homem.
E continuou a porfia
até a madrugada arroxear-se
em renascimento ( outra natividade?!)
cujo nascer-renascer
começa no sangue
antes morto
ou de morto
a macular as trevas.
Trevas são sangue morto,
de morto antigo.

Essa "renascença" sanguinolenta
é ressurreição encetada no roxo
que, paulatinamente,
toma a cor do vermelho,
toda a máscara do vermelho
cai ao rosto
da alva empós a transfusão 
no arroxeado que anuncia com o anjo da madrugada,
cantada, galante "criança" recém-nascida,
dada em iniciação mística
ao sol, um deus no levante,
já na precessão do dilúculo,
que cava a barra da alva
que se esbarra nas trevas
e aviva o sangue
do arroxeado vivo
ao vermelho vivo :
hemácias, hemoglobina, eritrócitos:
vermelho vida
( Seria essa a primeira ressurreição do Cristo,
fora dos compêndios de teologia?!).

Depois dessa peleja renhida
Jacó foi renomeado por Deus,
que era o ser
com quem se engalfinhara
até o romper da  alva
junto ao cordão umbilical
de um novo homem,
o qual buscava a paz.
No que tange ao lutador,
era o Anjo do Senhor,
ou seja,  o próprio Deus
que, a partir  desse feito heróico, memorável,
passou a chamar-lhe "Israel":
"Aquele que lutou contra homens e Deus
e prevaleceu" : este o significado do nome "Israel".
De fato, Jacó representa ou simboliza o homem comum,
pois quando nasce vem agarrado ao calcanhar do irmão Esaú
a quem engana vida fora,
tomando-lhe até o instituto da primogenitura,
graças à sua esperteza
e a modorra do irmão Esaú.
( Veja a expressão "paga no pé",
a qual se encaixa como luva e mão
no caso de Jacó).
É astuto, adiloso e inescrupuloso na juventude
pois não titubeia em passar ser sogro Labão para trás

com artimanhas brilhantes.
É o ser humano em sua necessidade de aprender a sobreviver
num mundo cruel.
Ele não pode contar com ninguém,
nem confiar senão somente em si
e em seu Deus.
Jacó foge da terra de seu pai
por causa dos seus logros
contra o violento irmão Esaú,
a quem ele não cansa de trapacear
e que lhe ameaça de morte iminente.
Esconde-se na terra do sogro futuro Labão
( outro que será lesado, extorquido, vilipendiado...).
Ao retomar caminho de volta à Casa Paterna,
leva consigo e os seus
praticamente toda a riqueza
que Labão amealhara
durante longos anos :
quase todo o gado ovino do sogro
pertence-lhe graças às suas fraudes e artimanhas sutis requintadas.(Artimanhas!).
Tais expedientes  lhe permitiram apossar-se
da maioria da riqueza do sogro ludibriado.
Porém vai e vem em segurança, incólume
e ainda, de volta, faz as pazes com o irmão Esaú
seu objeto dileto das tramóias infanto-juvenis.

Todavia, Jacó cresce em espiritualidade
e alcança a altura dos céus
além de construir para ida e volta
uma escada de acesso ao divino senhor.
Isto lhe dá outro "status":
Jacó tem cacife, lábia,
mas também tem intelecto e percepção místico-religiosa
de alto nível, elevado teor.
Não é um bronco.

Na Subida do Escorpião
havia uma verso de Deus
escrito na pérola,
versando sobre Midiã
e os midianitas.
Jacó poria seu pé e pó nele,
no versículo que se canta.
Jacó o homem comuníssimo,
bem-sucedido economicamente
que, somente por isso,
teria se transformado em mito ou lenda
à testa de uma imensa fortuna econômica;
Israel o novo homem
nascido e criado no espírito de Deus
nutrido com a sabedoria,
originário  do espírito santo de Deus
que impregnava seus atos.
 (Israel é o homem fictício
descrito para o mito :
o ser histórico
que atravessa o pensamento
montado num corisco ofuscante;
Jacó o homem real
que também deixou de ser real
ao plantar-se no canto que dança o não-ser
oriundo da tradição : lenda.
A história é isso :
a coexistência de mito e lenda,
o  ser na escrita ou história
o ser na tradição oral.
( Que é o ser?!...
Que é ser!?...:
- algo que não sou não é...).